“O pré-sal é fruto da história da Petrobrás. É um crime dar aos estrangeiros uma riqueza que está no subsolo, nas entranhas do Brasil”, disse em palestra promovida na sede do Sindipetro-LP, em Santos, durante reunião dos aposentados e pensionistas realizada mensalmente pelo DAP.
Para defender sua posição, Sauer apresentou uma série de números que revelam a causa da corrida desenfreada por novas reservas de petróleo. Dentre eles, a inescapável realidade de que mais cedo ou mais tarde a demanda será maior que a oferta.
Em 2008 a produção mundial foi de 86 milhões de barris por dia. Se formos considerar apenas os campos existentes em produção e seu declínio natural, projeta-se para 2030 uma produção de 31 milhões de barris por dia. No entanto, ao mesmo tempo estima-se que a demanda global pelo “ouro negro” seja de nada menos do que 106 milhões barris por dia.
Apenas esses números já servem para entendermos o porquê dos conflitos recentes entre Argentina e Inglaterra, por conta das Ilhas Malvinas. Também ajudam a entender a fusão das sete irmãs, executada por puro instinto de sobrevivência, pois 77% do petróleo mundial atualmente está nas mãos de empresas estatais. E explica, por fim, porque há tanto interesse no pré-sal brasileiro, que já está sendo furtado de nossas mãos.
Em relação ao novo marco regulatório, Sauer fez duras críticas. Apontou como uma falha grave o fato da decisão final estar centrada na figura do presidente e de todos os órgãos envolvidos serem de sua nomeação. Além disso, afirmou que o Governo tem sido negligente em questões vitais.
“Em 2005, quando os geólogos da Petrobrás encontraram os primeiros indícios de que havia petróleo na camada pré-sal, eles alertaram para a necessidade de proteger esse bem. Durante a 9ª rodada de licitações, em 2007, foram retirados 41 blocos de exploração, mas em contrapartida o Governo entregou praticamente de graça 12 blocos à empresa de Eike Batista. O resultado está aí: hoje, segundo a Revista Forbes, ele é o oitavo homem mais rico do Planeta, às custas de um bem do povo brasileiro e de mais de 50 anos de intensas pesquisas e investimentos da Petrobrás.”
Uma das soluções apontadas por ele para reeditar o espírito do movimento “O Petróleo é nosso’”, de 1950, é a realização de um plebiscito ainda em 2010, aproveitando as discussões em torno das eleições. Com duas questões:
A União deve retomar e exercer o monopólio sobre o petróleo e promover sua extração e a produção vinculada exclusivamente a financiamento de um plano nacional de desenvolvimento econômico e social?
A Petrobras deve ser re-estatizada e ser a executora do monopólio?
Aos petroleiros interessados em obter mais informações, o conteúdo desta e outras palestras realizadas por Sauer pode ser consultado em seu blog, no endereço eletrônico professorildosauer.wordpress.com. Nele, estão disponíveis o manancial de informações negligenciadas e escondidas durante todos esses anos pela imprensa burguesa.
