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Continuidade perigosa na presidência da Petrobrás

Continuidade perigosa na presidência da Petrobrás

No último dia 13 de fevereiro, Graça Foster assumiu oficialmente o cargo mais importante da Petrobrás. Primeira presidente mulher da companhia, Foster discursou para uma plateia formada por um público majoritariamente masculino. Tal fato, aparentemente irrelevante, traz em si um significado simbólico: o fato da presidência estar nas mãos de uma mulher não significa, automaticamente, uma política de gênero mais eficaz. Até porque, Foster foi clara durante a cerimônia: sua gestão será uma continuidade da gestão de Gabrielli.

Tal continuidade deve ser observada com desconfiança e ceticismo. Afinal, durante os mais de seis anos da gestão de Gabrielli a empresa contabilizou mais de 80 mortes, a maioria com terceirizados, e foi imposta à categoria uma dura política de rebaixamento de direitos: aumento real zero, repactuação, plano de cargos engessado, remunerações variáveis no lugar de valorização real do salário, casos e mais casos de assédio moral e sexual praticados por cargos de chefia. Definitivamente, não é essa a continuidade que os trabalhadores e o movimento sindical petroleiro reivindicam.

A expectativa, reforçada pela própria imprensa, é de que a marca de Graça Foster seja uma gestão técnica. Infelizmente, tal prognóstico não ganhou amparo na cerimônia de posse. No evento, os protagonistas não foram os trabalhadores, mas sim lobistas, políticos da base aliada, empresários e uma infinidade de “personalidades” que veem na Petrobrás uma rica fonte de investimentos e lucro. A impressão é de que os convidados foram escolhidos a dedo para aplaudir cegamente a nova presidente, de que tudo não passou de um jogo de cartas marcadas.

Existe aí um grande problema: a Petrobrás é um patrimônio do povo brasileiro e não de grupos privilegiados ou facções políticas. Não podemos permitir que a Petrobrás seja invadida por castas privilegiadas, cujo trânsito nos corredores do Edise seja baseado em alianças políticas. Isso significaria facilitar o discurso reacionário da direita que, na primeira oportunidade, sempre reivindica a privatização da maior empresa do País, alegando interferência política em sua gestão. Não é isso o que queremos.

O que queremos é uma Petrobrás sob a gestão dos trabalhadores, uma Petrobrás que sirva de instrumento da luta pela soberania nacional. É pela defesa de uma Petrobrás 100% estatal que tremulam as bandeiras da FNP – entidade sindical que representa uma importante parcela da categoria, mas que vem sendo sistematicamente boicotada pela companhia. Durante a cerimônia, não foi diferente.

Certamente, os petroleiros seguem orgulhosos em dizer que trabalham na Petrobrás – maior empresa do País. Os gestores da companhia não podem macular este orgulho, construído com muita luta por uma das categorias mais combativas deste país.

Uma resposta para “Continuidade perigosa na presidência da Petrobrás”

Esta matéria foi citada nos seguintes sítios eletrônicos:

  1. [...] dia 16 de fevereiro de 2012, o Sindipetro-LP publicava em seu site uma matéria intitulada “Continuidade perigosa na presidência da Petrobrás”. O texto analisava a troca de comando na Petrobrás, ocorrida três dias antes. Substituindo [...]


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