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Editorial: As razões que levaram à vitória da Chapa 3 no Sindipetro-RS

Chegou ao fim, na madrugada dessa sexta-feira (06/05), a eleição no Sindipetro-RS. Por uma diferença de apenas 15 votos, a chapa 3 – Unidade Petroleira, apoiada pela fup, venceu o pleito e a partir de 1º de junho assumirá a direção do Sindicato para o triênio 2011-2014. Este resultado representa um grande revés no processo de reorganização do movimento sindical petroleiro.

No total, foram 872 votos, sendo 335 para a chapa 3; 320 para a Chapa 2 – Independência, Unidade e Luta; e 207 para a Chapa 1 – Independência e Luta. Nulos e brancos foram 10. No entanto, mais do que informar números e o resultado da eleição, nosso dever – como direção sindical – é explicar para a categoria as razões que levaram à vitória da Chapa 3.

Desde o início da campanha, Sindipetro-LP e Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) declararam apoio incondicional às chapas 1 e 2 – ambas formadas por petroleiros da atual direção do Sindicato. Nossa posição, tirada numa reunião aqui em Santos, no dia 7 de abril, tinha como objetivo reverter justamente o motivo que culminou neste resultado: a divisão da atual diretoria.

Num erro que podemos considerar primário, os atuais dirigentes do Sindipetro-RS fragmentaram o seu poder de luta ao optarem pela formação de duas chapas. Não é segredo pra ninguém que esta composição facilitou a volta da fup. Não fosse a divisão criada na atual direção, com certeza teríamos vencido essa eleição com sobras. Juntas, Chapa 1 e Chapa 2 receberam o voto de 527 (60,4%) petroleiros contra 335 (39,6%) da chapa 3 -  uma diferença significativa de 192 votos.

Fica claro, analisando este simples cálculo, que a vontade da maior parte da categoria era pela manutenção de um sindicato de luta, formado por dirigentes que não rezam a cartilha do RH. Não estamos aqui contestando a legitimidade da eleição, mas fazendo uma constatação concreta: a vitória da Chapa 3 só foi possível com a divisão das chapas apoiadas pela FNP.

O objetivo deste texto não é lamentar o resultado, mas tirar lições e novas políticas para as próximas eleições. Nós, como dirigentes da Sindipetro-LP, não podemos admitir que diferenças políticas ou administrativas, muitas vezes pontuais e de fácil solução, se sobreponham ao nosso objetivo maior, que é avançar na construção de uma direção independente, sem rabo preso com os patrões e nem com o governo.

Em qualquer organismo democrático é imprescindível a pluralidade de pensamentos. As únicas posições que não podemos tolerar são aquelas que atingem os direitos dos trabalhadores. Na luta por um sindicalismo autônomo não existe neutralidade e nem meios termos. Nem que para isso a gente tenha que ser taxado de divisionistas pelos dirigentes que hoje lutam no lado oposto dos trabalhadores, na trincheira inimiga.

A verdadeira unidade da categoria só pode ser construída com sindicatos atrelados aos interesses dos trabalhadores, e não dos patrões. A luta para resgatar uma direção independente na categoria petroleira é permanente. Avançar nas conquistas significa votar nas chapas de oposição à fup, nas chapas de luta.

Ademir Gomes Parrela
Coordenador do Sindipetro-LP

3 Respostas para “Editorial: As razões que levaram à vitória da Chapa 3 no Sindipetro-RS”

  1. Vinícius Camargo disse:

    Agora, com uma votação menos representativa do que a votação da eleição, o Sindipetro RS voltou às fileiras da fup:

    1- http://acordocoletivo.org/2011/07/15/categoria-decide-pelo-sim-a-fup-no-rs-petroleiros-gauchos-dizem-sim-a-fup-cnq-e-cut/
    2- http://acordocoletivo.org/2011/07/15/sindipetro-rs-categoria-decide-pelo-sim-a-fup-cut-cnq/

    É um alerta às oposições quanto à força da máquina de comunicação da fup e a força que os gerentes da fup, imagem do poder do governo, podem exercer sobre a força de trabalho.

    A imagem de amigos do Rei tem feito com que parte da categoria ainda pense, ou se auto engane, que a fup, por essa condição, conquistará mais facilmente melhorias à categoria. Mesmo que nos últimos 8 . . . 9 anos, isso não tenha acontecido e, ainda, enquanto a FNP nem estava tão estruturada com oposições atuantes por todo o Brasil.

    Portanto, tivemos um show de ilusionismo: se comemoravam “avanços” localizados enquanto tínhamos derrotas generalizadas. Agora, o trabalhador pode perceber isso no dia-a-dia: o aluguel subiu, a feira ficou mais cara, os preços dos imóveis o impedem de comprar sua casa, a inflação comeu seu salário, e todos aqueles “avanços” não se demonstram verdadeiros na hora de se pagar as contas do mês.

    Será preciso alertar aos trabalhadores que essa estratégia, de se unir aos amigos do Rei, já não funcionou, de fato, nos últimos 9 anos. E quando funcionou, beneficiou só os amigos do Rei, não àqueles que se uniram a eles e abdicaram de exercer o seu próprio poder.

    Não se iludam com a propaganda de vitórias da fup, seja em eleições, seja em conquistas para os trabalhadores.

    Quanto às eleições, a FNP, com seus poucos sindicatos, representa algo como 44% da categoria. E se contarmos cada trabalhador que tem votado em favor da FNP, esse percentual deve ser superior aos 50%. Ainda, as oposições contam com a massa de trabalhadores que, silenciosamente, já tem se manifestado nas pesquisas de ambiência da Companhia. Se tirarmos o peso das respostas dos gerentes, que têm que dizer sim para tudo na pesquisa, será visto que menos do que uns 15% da categoria considera a política de remuneração adequada aos lucros e resultados gerados para a empresa e para o país.

    E quanto às conquistas, o poder só concede alguma coisa para os trabalhadores quando os mesmos já detém a força para tomar o que é seu por direito e esforço. Nada, mas nada, mesmo, que o trabalhador conquistou, foi uma concessão por se aliar aos amigos do Rei ou ao Rei. Os amigos do Rei, nesse ponto, ajudaram a impedir que os trabalhadores conquistassem algo próximo do que sua força, seu direito e esforço já lhes proporcionaria.

    Portanto, a categoria está Mobilizada Nacionalmente apesar da fup.

  2. Vinícius Camargo disse:

    Caros, está é uma bela postura de um sindicato que avalia e reavalia suas ações, erros e acertos.

    Que a categoria faça o mesmo e analise a atuação do grupo da fup tentando decidir, em uma reunião, pela refiliação do Sindipetro RJ.

    Sobre a ação da fup, escrevemos o seguinte: http://petroleiro2020.wordpress.com/2011/06/17/o-desespero-da-fup-e-ou-um-golpe/

  3. Justiniano PRADO de Carvalho disse:

    Meu caro Parrela.

    Você esta certo. A vaidade nos torna insensatos e até burros. Muito boas as suas considerações a respeito da eleição do Sindipetr RS. Eu falei que isso iria acontecer e, infelizmente aconteceu. Vamos tomar esse revés como lição e trabalhar para que os sindicalistas amigos dos patrões não venham a ganhar outros sindicatos e consigam seu intento em retirar mais direitos de trabalhadores atvivos, aposentados e pensionistas.

    PRADO/Sindipetro Pa/Am/Ma/Ap

Esta matéria foi citada nos seguintes sítios eletrônicos:


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