Arrogância patronal: Esse foi o tom da Petrobrás durante a reunião oficial das bancadas da CNPBz em Belo Horizonte

Arrogância patronal: Esse foi o tom da Petrobrás durante a reunião oficial das bancadas da CNPBz em Belo Horizonte
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Os dias que transcorreram as atividades da Comissão Nacional Permanente do Benzeno (CNPBz) foram decepcionantes para a bancada do trabalhador, que terminou com um impasse entre as indústrias petroquímicas, lideradas pela Petrobrás, dificultando os avanços do combate à exposição ao benzeno.
Durante reunião oficial de bancadas da CNPBz, formada por representantes dos trabalhadores, empresas e governo, foi levada a proposta de visita técnica na RPBC, em uma das plataformas do Litoral Paulista, Merluza ou Mexilhão e na UTGCA, em Caraguatatuba, dentre outras opções de visita.
Durante todo ano de 2014 não houve visita nas instalações da Petrobrás por solicitação da companhia em 2013. Segundo a empresa, as unidades de siderurgia e petroquímica precisavam de mais atenção, por serem uma incógnita. Porém, o que se viu ao longo do ano foi que a realidade das unidades da Petrobrás estão atrasadas no que diz respeito a prevenção da saúde do trabalhador.
As irregularidades nas unidades são inúmeras e a omissão da empresa maior ainda. Os representantes da Petrobrás na CNPBz negaram de imediato visita técnica em suas unidades, alegando que um grupo do Ministério do Trabalho irá fazer uma vistoria em unidades da empresa. Além de não aceitarem visitas nem na Petrobrás e nem na siderurgia, as empresas tentaram empurrar para a comissão uma lista determinada por eles como de possíveis locais para a visita técnica. Não bastando, ainda reduziram para três o total de visitas para 2015. A quarta visita será substituída por uma reunião da CNPBz em Brasília.
Após horas de discussão, a comissão definiu apenas as datas das visitas, sendo que só a primeira tem destino certo, a petroquímica Innova, no Rio Grande do Sul, nos dias 11 à 13 de março de 2015. As demais datas são 10 a 12 de junho e 23 a 25 de setembro, sem locais definidos. A reunião em Brasília será nos dias 25 a 27 de novembro.
Depois de pressionados, os representantes da Petrobrás levarão para seus superiores a decisão de visitas em duas das cinco sugestões da comissão: RPBC, Revap, UTGCA, plataforma de Merluza ou Mexilhão.
As unidades do Litoral Paulista foram escolhidas por emanarem benzeno permanentemente no ambiente de trabalho, o que é negado pela companhia. Os casos são incontáveis, assim como denúncias dos Sindicatos e trabalhadores à empresa e ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Dentre os casos recentes, na quinta-feira (6), na refinaria em Cubatão, após o alarme que indica emanações, uma medição do SMS da empresa detectou 200ppm de benzeno expostos aos trabalhadores, e o que é pior, em unidade que não é monitorada, pois não faz parte do Programa de Prevenção da Exposição Ocupacional ao Benzeno (PPEOB).
Nas plataformas, recentemente o Ministério do Trabalho detectou a emanação de benzeno no local, e notificou a Petrobrás por não (http://sindipetrolp.org.br/site/?p=21039) apresentar nos atestados de saúde ocupacional (ASO) dos trabalhadores embarcados os indicadores de riscos ocupacionais que potencialmente existem e que são reconhecidos nos próprios documentos de prevenção de risco ocupacional da empresa (PPRA, PCMSO e PPEOB).
Na UTGCA, que recebe a produção das plataformas de Merluza e Mexilhão, vindas do pré-sal, o transporte irregular de condensado e armazenamento do produto por empresa não registrada no MTE, foi denunciado por auditores fiscais.
Sabe-se de longa data das emanações no ETDI da RPBC sem resolução do problema, e  de ataques diretos contra o GTB, com cerceamento de trabalhos e omissão de informação. O discurso do GG é sobre saúde e segurança, mas na pratica não abre espaço para os representantes dos trabalhadores atuarem.
A omissão da empresa fica evidente quando vemos a postura arrogante dos representantes da patronal, como o que ocorreu na reunião oficial das bancadas, onde uma médica da Petrobrás, totalmente despreparada, se postou como dona da empresa e bradou que não haveria visita nas instalações da empresa neste ano. Ora, doutora, a Petrobrás não é sua e a CNPBz não é extensão da sua gerência. Que fique claro que a sua presença na comissão inviabilizará qualquer composição, pois quem não sabe se postar como representante da maior empresa do Brasil, não pode participar de discussões sobre a saúde do trabalhador.  As empresas negam acesso as suas unidades, não com argumentos, mas com truculência, e se sentem no direito de decidirem unilateralmente, se esquecendo que em uma comissão deve-se entrar em consenso nas decisões.
O benzeno não está apenas nas refinarias
A situação chegou ao limite do aceitável. Dois dos principais estudiosos de casos de benzeno que fazem parte da CNPBz, estão prestes a deixar a comissão, lamentando o retrocesso nas conquistas sobre o assunto, que no passado garantiam ao trabalhador o combate aos males do elemento químico.
Danilo Costa, médico e auditor fiscal do Ministério do Trabalho e a tecnologista Elisabeth Aparecida Trevisan, da Fundacentro, que irão se aposentar em breve, deixam a comissões regionais sem ao menos um nome para indicar, que os substituam na coordenação da comissão. Ambos relatam dificuldade em conseguir espaço para avançar nas ações de combate à exposição e a falta de interesse das instituições em resolver os problemas, que privilegia o capital em detrimento da vida humana.
Milhões de pessoas estão expostas ao benzeno todos os dias. Nas refinarias, usinas, plataformas e no trajeto até as distribuidoras, o elemento cancerígeno circula livremente, transportado por dutos, caminhões, ar e água.
Milhares de frentistas manipulam e se expõe diariamente ao benzeno e as empresas e o governo simplesmente ignoram essas vidas. Jovens perdendo cabelos aos 21 anos, mulheres sofrendo abortos, antes mesmo de identificarem a gravidez, casos crescentes de câncer entre os trabalhadores, mas que para os responsáveis não passam de acaso.
Ficou claro para a bancada dos trabalhadores, representados pelo Sindipetro-LP e os demais Sindicatos, que será preciso mais pressão nas empresas, com a ajuda da base, que deverá ser envolvida com campanhas de conscientização, denunciando, fiscalizando e promovendo atos, para cobrar da Justiça que as leis contra o benzeno sejam cumpridas.
A bancada dos trabalhadores espera que as empresas preparem melhor seus representantes, para que na mesa de negociação tratem os demais como iguais e não falando alto, sendo arrogantes, por não terem desculpas convincentes para apresentar. Sindicalistas falam alto quando é para defender o trabalhador, e quando não há acordo, a conversa é na porta das unidades, com o apoio das bases.
Que a alta direção da empresa se posicione e aja de acordo com o que é dito em suas propagandas, que custam milhões, ou estarão ludibriando a população e matando pais e mães de família, mantendo-os em um ambiente laboral danoso.
Trabalhadores do LP, não se iludam com migalhas. Estão roubando-lhes as vidas aos poucos, sem que percebam. Vamos à luta!

Os dias que transcorreram as atividades da Comissão Nacional Permanente do Benzeno (CNPBz) foram decepcionantes para a bancada do trabalhador, que terminou com um impasse entre as indústrias petroquímicas, lideradas pela Petrobrás, dificultando os avanços do combate à exposição ao benzeno.

Durante reunião oficial de bancadas da CNPBz, formada por representantes dos trabalhadores, empresas e governo, foi levada a proposta de visita técnica na RPBC, em uma das plataformas do Litoral Paulista, Merluza ou Mexilhão e na UTGCA, em Caraguatatuba, dentre outras opções de visita.

Durante todo ano de 2014 não houve visita nas instalações da Petrobrás por solicitação da companhia em 2013. Segundo a empresa, as unidades de siderurgia e petroquímica precisavam de mais atenção, por serem uma incógnita. Porém, o que se viu ao longo do ano foi que a realidade das unidades da Petrobrás estão atrasadas no que diz respeito a prevenção da saúde do trabalhador.

As irregularidades nas unidades são inúmeras e a omissão da empresa maior ainda. Os representantes da Petrobrás na CNPBz negaram de imediato visita técnica em suas unidades, alegando que um grupo do Ministério do Trabalho irá fazer uma vistoria em unidades da empresa. Além de não aceitarem visitas nem na Petrobrás e nem na siderurgia, as empresas tentaram empurrar para a comissão uma lista determinada por eles como de possíveis locais para a visita técnica. Não bastando, ainda reduziram para três o total de visitas para 2015. A quarta visita será substituída por uma reunião da CNPBz em Brasília.

Após horas de discussão, a comissão definiu apenas as datas das visitas, sendo que só a primeira tem destino certo, a petroquímica Innova, no Rio Grande do Sul, nos dias 11 à 13 de março de 2015. As demais datas são 10 a 12 de junho e 23 a 25 de setembro, sem locais definidos. A reunião em Brasília será nos dias 25 a 27 de novembro.

Depois de pressionados, os representantes da Petrobrás levarão para seus superiores a decisão de visitas em duas das cinco sugestões da comissão: RPBC, Revap, UTGCA, plataforma de Merluza ou Mexilhão.

As unidades do Litoral Paulista foram escolhidas por emanarem benzeno permanentemente no ambiente de trabalho, o que é negado pela companhia. Os casos são incontáveis, assim como denúncias dos Sindicatos e trabalhadores à empresa e ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Dentre os casos recentes, na quinta-feira (6), na refinaria em Cubatão, após o alarme que indica emanações, uma medição do SMS da empresa detectou 200ppm de benzeno expostos aos trabalhadores, e o que é pior, em unidade que não é monitorada, pois não faz parte do Programa de Prevenção da Exposição Ocupacional ao Benzeno (PPEOB).

Nas plataformas, recentemente o Ministério do Trabalho detectou a emanação de benzeno no local, e notificou a Petrobrás por não apresentar nos atestados de saúde ocupacional (ASO) dos trabalhadores embarcados os indicadores de riscos ocupacionais que potencialmente existem e que são reconhecidos nos próprios documentos de prevenção de risco ocupacional da empresa (PPRA, PCMSO e PPEOB). Veja a matéria aqui.

Na UTGCA, que recebe a produção das plataformas de Merluza e Mexilhão, vindas do pré-sal, o transporte irregular de condensado e armazenamento do produto por empresa não registrada no MTE, foi denunciado por auditores fiscais.

Sabe-se de longa data das emanações no ETDI da RPBC sem resolução do problema, e  de ataques diretos contra o GTB, com cerceamento de trabalhos e omissão de informação. O discurso do GG é sobre saúde e segurança, mas na pratica não abre espaço para os representantes dos trabalhadores atuarem.

A omissão da empresa fica evidente quando vemos a postura arrogante dos representantes da patronal, como o que ocorreu na reunião oficial das bancadas, onde uma médica da Petrobrás, totalmente despreparada, se postou como dona da empresa e bradou que não haveria visita nas instalações da empresa neste ano. Ora, doutora, a Petrobrás não é sua e a CNPBz não é extensão da sua gerência. Que fique claro que a sua presença na comissão inviabilizará qualquer composição, pois quem não sabe se postar como representante da maior empresa do Brasil, não pode participar de discussões sobre a saúde do trabalhador.  As empresas negam acesso as suas unidades, não com argumentos, mas com truculência, e se sentem no direito de decidirem unilateralmente, se esquecendo que em uma comissão deve-se entrar em consenso nas decisões.

O benzeno não está apenas nas refinarias
A situação chegou ao limite do aceitável. Dois dos principais estudiosos de casos de benzeno que fazem parte da CNPBz, estão prestes a deixar a comissão, lamentando o retrocesso nas conquistas sobre o assunto, que no passado garantiam ao trabalhador o combate aos males do elemento químico.

Danilo Costa, médico e auditor fiscal do Ministério do Trabalho e a tecnologista Elisabeth Aparecida Trevisan, da Fundacentro, que irão se aposentar em breve, deixam a comissões regionais sem ao menos um nome para indicar, que os substituam na coordenação da comissão. Ambos relatam dificuldade em conseguir espaço para avançar nas ações de combate à exposição e a falta de interesse das instituições em resolver os problemas, que privilegia o capital em detrimento da vida humana.

Milhões de pessoas estão expostas ao benzeno todos os dias. Nas refinarias, usinas, plataformas e no trajeto até as distribuidoras, o elemento cancerígeno circula livremente, transportado por dutos, caminhões, ar e água.

Milhares de frentistas manipulam e se expõe diariamente ao benzeno e as empresas e o governo simplesmente ignoram essas vidas. Jovens perdendo cabelos aos 21 anos, mulheres sofrendo abortos, antes mesmo de identificarem a gravidez, casos crescentes de câncer entre os trabalhadores, mas que para os responsáveis não passam de acaso.

Ficou claro para a bancada dos trabalhadores, representados pelo Sindipetro-LP e os demais Sindicatos, que será preciso mais pressão nas empresas, com a ajuda da base, que deverá ser envolvida com campanhas de conscientização, denunciando, fiscalizando e promovendo atos, para cobrar da Justiça que as leis contra o benzeno sejam cumpridas.

A bancada dos trabalhadores espera que as empresas preparem melhor seus representantes, para que na mesa de negociação tratem os demais como iguais e não falando alto, sendo arrogantes, por não terem desculpas convincentes para apresentar. Sindicalistas falam alto quando é para defender o trabalhador, e quando não há acordo, a conversa é na porta das unidades, com o apoio das bases.

Que a alta direção da empresa se posicione e aja de acordo com o que é dito em suas propagandas, que custam milhões, ou estarão ludibriando a população e matando pais e mães de família, mantendo-os em um ambiente laboral danoso.

Trabalhadores do LP, não se iludam com migalhas. Estão roubando suas vidas aos poucos, sem que percebam. Vamos à luta!

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