O GABz, grupo de trabalho formado por diretores do Sindipetro-LP para discutir questões de saúde do trabalhador e ações relacionadas ao Benzeno, se reuniu nesta segunda-feira (21) com Grupo dos 13 que são os trabalhadores da RPBC afastados por alteração hematológicas, na sede do sindicato, para apresentar novas estratégias e atuações no combate a contaminação, exposição e vazamentos por esse elemento químico.

O grupo está desenvolvendo ações que visam um melhor acompanhamento de casos de contaminação por benzeno, dentre elas a conscientização dos trabalhadores, alertando-os sobre as alterações dos hemogramas, e cobrando por mais urgência em ações de controle de vazamentos e isolamento das áreas atingidas.

Uma das iniciativas realizadas pelo grupo convoca os petroleiros que tiveram alteração ou possuam alguma suspeita de estar com algum problema relativo a seus exames periódicos para que compareçam ao Sindicato e, através dos nossos profissionais de saúde, sejam encaminhados a um segundo parecer médico.

Os trabalhadores devem ficar atentos aos índices de comparação dos exames. Segundo a Norma de vigilância à saúde dos trabalhadores exposto ao benzeno, instituída pela Portaria nº 776 do MTE, são consideradas significativas reduções a partir de 20% dos índices da leucometria em comparação a critérios anteriores. Em casos de duvida, procure o sindicato e fale com nossos profissionais.

O doutor Jorge Machado, assessor médico do sindicato, mencionou o caso de um petroleiro aposentado, morto em 2006, cujo atestado de óbito apontava a anemia como a causa da morte, sem que um estudo mais aprofundado tivesse sido feito.

Casos como esse chamam a atenção do sindicato, pois sabemos que há interesse da Petrobrás em omitir a situação clínica dos trabalhadores. Fato é que não é de hoje que a empresa não reconhece nenhuma doença ocupacional, mesmo ciente de suas instalações complexas, insalubres e periculosas, nas quais os trabalhadores estão expostos a todo tipo de agentes nocivos sejam eles químicos, físicos ou biológicos.

Sabendo disso, o GABz iniciou uma pesquisa de casos dos últimos 10 anos de associados da ativa e aposentados, que vieram a óbito, e que tenham em sua causa mortis relação com contaminação do trabalhador por agente benzeno. Um representante do sindicato está entrando em contato com as famílias desses trabalhadores, pegando informações que serão analisadas caso a caso.

Anormalidade no hemograma
O GABz tomou conhecimento e quer fazer acompanhamento, através do setor médico do sindicato, de mais de 40 casos de anormalidade no hemograma, conhecidos pela UO-BS. O sindicato quer saber o que causou essas anomalias, para tomar as providências necessárias e evitar novos casos.

Para o dr. Jorge Machado, somente com estudos aprofundados, acompanhando casos como esses será possível ter dados confiáveis e ter parâmetros próprios, diferentes dos apresentados pela empresa. Para isso é preciso que o trabalhador fique atento e questione as informações dos exames periódicos. O que é relatado no ASO nem sempre reflete a realidade, tão pouco visa proteger o trabalhador.

Análise deficiente
Novamente foi discutido pelo GABz o acidente na RPBC no dia 01 de dezembro de 2013. Na ocasião, houve uma grande quantidade de vazamento de benzeno, que inicialmente foi omitido pela gerencia da RPBC, o que demonstra claramente a intenção de esconder os fatos. Devido à falta de estratégia efetiva de isolamento da área muitos trabalhadores foram expostos à contaminação, permanecendo no local sem proteção adequada.

Acompanhamento médico e outras pautas
O sindicato exigirá da Petrobrás que mantenha o acompanhamento médico e psicológico dos trabalhadores afastados por benzeno (Grupo dos 13+9), que estão sendo aposentados através do PIDV.

Seminário sobre benzeno no Fundacentro
Nesta terça-feira (22), como parte das ações do GABz, o grupo estará participando do Seminário para Revisão do Protocolo para a “Utilização de Indicador Biológico da Exposição Ocupacional ao Benzeno”.

A Portaria nº 34, de 20 de dezembro de 2001, que trata sobre a exposição ocupacional ao benzeno, será amplamente debatida em Seminário a ser realizado na Fundacentro, em São Paulo.

Um dos pontos que será discutido no evento, promovido pela Comissão Nacional Permanente do Benzeno (CNPBz), será a possível inclusão de um novo indicador biológico da exposição ocupacional ao benzeno, produto cancerígeno que não há limite de tolerância.

O Seminário para revisão do protocolo para a utilização de indicador biológico, será realizado das 9h às 17h30 e contará com as apresentações de Leiliane Coelho André Amorim, da Universidade Federal de Minas Gerais; Solange Cristina Garcia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Isarita Martins Sakakibara – Universidade Federal de Alfenas; Jaime F. Leyton – Toxikon.

Agenda
Em agosto, o Sindicato terá representação das suas bases na próxima reunião CNPBz, que será realizada na Bahia.

A próxima reunião do GABz será no dia 21 de outubro.